domingo, janeiro 05, 2003

Colaboração de leitor
Uma de nossas leitoras mais queridas nos mandou o texto abaixo, com o nome do autor e autorização do próprio. Muito bom. Espero que se divirtam como nós.

Relatórios
Na época eu era o chefe do departamento administrativo de informática de uma Universidade que estava em face de seu reconhecimento pelo MEC. Todos estavam apreensivos, envolvidos na confecção de inúmeros relatórios, cuja
apresentação ao MEC era requisito desse Reconhecimento. A mim incumbia a formatação e revisão desses relatórios, concatenando os arquivos digitados por cada um dos setores envolvidos. Cada setor era responsável por uma parte específica do relatório, que ganharia um número seqüencial de forma a facilitar a ordenação dos textos. Escolhi o melhor digitador, o Cid, para me auxiliar nessa tarefa verdadeiramente maçante.
O tempo já se esgotava e estávamos todos realmente estressados, de forma que o trabalho era praticamente ininterrupto. Pedi ao Cid que deixasse os arquivos mais ou menos organizados pois eu pretendia revisá-los no final de semana, quando ele não estaria lá.
No sábado de manhã, ao ligar sua estação de trabalho, deparei-me com algumas dezenas de arquivos numerados de uma forma cuja lógica fiquei horas tentando compreender.
A ordem seqüencial não atendia aos números atribuídos a cada setor, e haviam arquivos aparentemente iguais com numeração diferente, o que atribuí à possibilidade de versões mais atualizadas do mesmo documento. Alguns, entretanto, eram iguais e provavelmente deveriam trazer pequenas correções de português ou coisas do gênero. Não havia nenhuma anotação, bilhete, nada.
Após uma frustrante e demorada tentativa de compreensão, pouco antes de decidir quebrar o teclado ao meio, eu uma colega resolvemos ir a procura do digitador.
Ao final de uma longa procura, pois nem sabíamos direito onde o Cid morava, fomos informados pela sua esposa que ele estava em um jogo de futebol, num campinho "aqui perto".
Quando chegamos o Cid nos olhou de soslaio, torceu a boca e fez um gesto com a cabeça. Obviamente contrariado, continuou jogando bola indiferente a nossa presença.
Somente após alguns minutos de partida olhou novamente para onde estávamos, talvez na esperança que não estivessemos mais lá. Antes que desviasse novamente o olhar, conseguimos acenar.
Fez novamente aquele gesto misterioso, olhou para a bola, tentou dar mais um chute e, finalmente, veio em nossa direção, tudo sem tirar o olho do jogo. Procurei ser direto. Ao primeiro para não deixar esfriar os músculos do nosso campeão, e ao segundo, porque enquanto assistíamos àquela "brilhante" partida, o trabalho nos aguardava:
- Cid, não consegui localizar o Relatório 5. Qual é o nome do arquivo?
Ainda sem tirar o olho do jogo, lascou:
- O Relatório 5 é o "RELAT-7" !
- É!? E o Relatório 7, então, qual é?
Voltando para o jogo, já a uns 15 metros de distância, gritou:
-.. Tssss! O Relatório 7 é o RELAT-3, ora.....
"Ah, bom ..." falei, já com a impressão de que não era mais ouvido. Foi um longo dia de trabalho, tentando decifrar aquela inusitada e
interessante matemática....

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